Gestão Familiar e Gestão Profissional - O que é melhor?

18/01/2016 Certa vez, há alguns anos atrás em uma palestra ministrada pelo empresário Abílio Diniz ouvi a seguinte frase: "Misturar negócios e família não funciona; a chance de estragar os dois é enorme!"

Pois bem; meu foco de trabalho desde que fundei a Concierge Hotelaria é justamente a hotelaria independente e, por que não dizer, familiar. Já se vão quase dez anos trabalhando junto a famílias que são hoteleiras e hoteleiros que resolveram colocar suas famílias no negócio, e até hoje não tenho a resposta exata quando me perguntam se este tipo de gestão é bom ou não.

O que dá para saber é que, familiar ou não, a gestão de um empreendimento hoteleiro tem que obedecer certos princípios para que suas chances de sucesso aumentem. Neste artigo, vamos fazer um exercício às avessas e dizer o que definitivamente não funciona numa gestão familiar de empreendimento hoteleiro.

A família que é dona do hotel pode sim usar as dependências do empreendimento, mas as regras que valem para os hóspedes, valem ainda mais para estes familiares. Já presenciei um caso em que o hotel não aceitava cães, mas uma das sócias familiares passava seus finais de semana no hotel na companhia de seu "pet", provocando logicamente inúmeras reclamações de hóspedes que se sentiam prejudicados.

Os funcionários do hotel trabalham para os hóspedes, e não para os familiares que são donos do hotel. Estes funcionários devem se reportar ao seu superior hierárquico, e não ao dono ou a algum familiar seu. Quando isso acontece, o gerente torna-se fraco e, em pouco tempo, o próprio dono do hotel, que agiu atravessando este gerente, vai acha-lo inoperante. O que este dono não enxerga é que ele próprio enfraqueceu seu funcionário mais graduado. Já vi casos em que o gerente desligou um funcionário e, no dia seguinte este funcionário foi contratado novamente pelo dono do empreendimento.

Familiares que não são proprietários, e amigos dos proprietários são hóspedes como qualquer outro, e devem pagar pela utilização do hotel. Pode até haver uma tarifa especial, mas não dá para fazer cortesias e este público. Com o tempo isso vira obrigação e prejudica muito a saúde financeira de um empreendimento.

Genros, noras e agregados de maneira geral não tem qualquer autonomia decisória na gestão do empreendimento, a não ser que tenham sido especificamente contratados para isso.

Da mesma maneira, não dá para a família toda "palpitar" sobre as questões administrativas ou operacionais do hotel. Pensem que numa família em que o casal que possui um hotel, e tem dois filhos que se casaram, teremos um panorama de 6 pessoas se achando no direito de influir e decidir sobre o dia a dia do hotel. Muitos caciques, poucos índios.

Estes são alguns pontos muito pouco aprofundados sobre o que pode e o que não pode numa gestão de empreendimento hoteleiro. Temos se abandonar a idéia de gestão familiar e gestão profissionalizada como conceitos separados e englobar estes métodos, fazendo com que a gestão familiar se torne profissional em questões mais frias de administração de negócios, e fazendo que a gestão profissional se torne familiar quando o assunto é atenção e cuidado com o hóspede.
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